quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Lá vem a negra




Lá vem a negra
Gingando
Ancas largas

cintura fina
De peito roliço
Rolando...rolando...

O seu corpo é rio
Seus gestos
São música
Mas também vem triste
Que feitiço existe?

Rolando no chão
Já ninguém a quer
Vai tirar feitiço
Ali na palhota
Seu mestre entendido
Espera por si
Abre-se uma porta
Horas invulgares
Que não são de espera...
Negra agora vem
Toda transparente
A trouxa de roupa
Debaixo do braço
Nos olhos a fala
Do vermelho ardente
Seu corpo de fogo
Na nudez do vento
Suas coxas grossas
Dobradas no riso
Toda sensual
Traça a capulana
De cor encarnada
Descalça dançando
Gingando gingando
Molha-se no rio
Estende-se nos verdes
Os verdes se agitam
São todos bandeiras
O sol é ardente
Na sombra esquecida
Se acendem desejos
E o que Deus quiser

E foi nesse grito
Que nasceu o mito
D´Africa Mulher.

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