Tudo se perde ao longe
já não há mais nada.
Sentir é nada
se existir não pode
tanta rota ignorada
Tanto gesto inútil
nessa sombra do repouso vão
que por si se explica
ou talvez não
nada se explica
rigorosamente nada!
Voam as pombas
na imaginação
de um céu volátil
que se abate
quando a chuva cai
se tudo acaba tudo se vai
nada se detém
à sorte dura
Alcova térrea
onde tudo passa e esquece
da alma o refrigério...
ruas sem nome
dos números se é cativo
marmóreo branco
tecido numa só luz
ali mora a verdade na espera sempre em vão
Dormem ciprestes e roseirais sombrios
sussurra o vento, soltam-se os pardais
em lancinantes pios
serenata tardia melancólica e triste
estende-se a vida que o olhar consome
de nunca haver mais nada
prisioneira da inútil estaca
e de uma simples matemática:
nada a somar ou a subtrair
nada a multiplicar ou a dividir
Amálgama confusa do sentir...