quarta-feira, 20 de abril de 2011





ÁFRICA do exotismo do cacimbo da formiga muchém da marrabenta e da marimba a marcar o ritmo do tantã da selva misteriosa do cocuana e do mesungo respeitoso do Kanimambo e do chunguila maningue da mapira da mafurra da histérica Kizomba no seu gargalhar arrepiante ao rugir do leão passando pelas tarântulas do medo nocturno e que no tempo das chuvas invadiam as casas. Como os cegos morcegos a simbolizarem a personificação tradicional das escuras forças do mal às imagens sinistras e traiçoeiras das cobras mamba e capelo que nos horrorizavam e tolhiam de medo. E a completar todo o cenário do mato africano numa balada que se etrniza o cantar misterioso da coruja de tristura indecifrável que em noites de silêncio da alma conseguia trespassá-la para ecoar igualmente na natureza inteira! E todo o poder da sua comunicação tão difícil de expressar mas que penetrou tão dentro de mim que ainda hoje e nesta distância tão grande o sinto nesse tom que dói de um estridente agudo e metálico para a sentir ecoar como nas noites antigas e que já foram até onde o seu canto pode chegar. Para além da morte! Dizem...






ÁFRICA do mufana da marruce do mainato do imbondeiro da papaia do abacate da manga da lagoa dos jacarés das marcas agigantadas do elefante oculto das caçadas nocturnas da Impala elegante e de um leopardo velho de canseiras a procurar numa noite sem histórias o abrigo acolhedor de uma capoeira...Do gargalhar misto de gritos dos macacos que nos saltavam ao caminho salpicando de erotismo as nossas viagens das arábias.
ÁFRICA sempre a durar nesta forma singular. Era o fascínio era a entrega era o colorido o exotismo era a vontade de Deus e dos Homens! Sem tabus ou preconceitos.


Tinha 21 anos e era assim que eu pensava e sentia África e a vivi durante quase 17 anos com todos os percalços no caminho...

domingo, 30 de janeiro de 2011

ÁFRICA NA NARRATIVA VIVÊNCIAS


POESIA na exteriorização da alma

sábado, 29 de janeiro de 2011

O CANTAR DO SIMBA

MOCÍMBOA DA PRAIA

Hospital Cerca do hospital

ÁFRICA


PORQUÊ, O CANTAR DO SIMBA

Percorremos Moçambique de norte a sul. Desembarcámos em Lourenço Marques, cidade encanto que nos despertou África. Meses depois rumámos a Mocímboa da Praia com visitas a Mueda e Palma. Ano e meio regressámos a Portugal por motivos de saude. Um ano depois nova partida com outro sabor de África. Agora no sul do Save. Inharrime, com visitas a Inhambane e Lourenço Marques. Também quando nos íamos banhar no Índico na maravilhosa praia de Závora. Distâncias enormes que não se contavam nem pesavam. A Zambézia já nos acenava, três anos depois. O Chinde, a Sena Sugar... Os braços do Zambeze a tornar-nos prisioneiros daquele espaço mas sempre a ultrapassarmos as dificuldades das travessias do rio, por vezes revolto ou do matope, quando nos venturávamos por terra nas nossas idas a Quelimane. Mais tarde Vila Cabral onde o palco da guerra se juntava ao nosso viver que queríamos pacífico. A luta no Hospital ao lado da nossa grande casa e a ajuda sempre que possível para atenuar sofrimentos. Colaborava sempre que necessário e gostava de estar junto de quem cuidava de tantos doentes. Um ano mais passou e o destino que não pensávamos terminar tão abruptamente, estava a correr...Nampula, cumpriu-se durante o período de quatro anos! E o pano correu-se de forma inesperada! Regresso a Portugal. Definitivamente!
Porquê o cantar do simba? O nome deste meu blogue. Porque foi em Mocimboa da Praia, terra de leão, (simba) que me ficou marcado para todo o sempre na minha alma a pulsar com todos os sentidos, o seu cantar arrepiante em pleno dia e pela noite fora...E porque me ficou o seu cheiro o medo e o delírio doutras vozes a ecoar no espaço africano o cheiro da selva outros cantares que a noite trazia o cheiro da terra molhada a melodia das aves raras o bulir quase silencioso dos ramos o calor morno dos corpos e das águas o colorido africano as aventuras de algumas caçadas e toda a melodia como orquestra nos ouvidos... O CANTAR DO SIMBA e a água da cisterna que se bebia, (e a sentença ouvida: quem bebe água da cisterna, nunca mais quer sair de África, marcaram a minha vida primeira neste espaço desconhecido)...Lá, onde o sol se esconde... como ouvia dizer a muitas pessoas, em L.Marques. Uma espécie de consolação... para quem desconhecia por completo o segredo de África e o pulsar do seu coração! Depois toda a sua nostalgia triste e alegre me invadiu.