terça-feira, 15 de maio de 2012

SER SÓ / ESTAR SÓ

SER SÓ / ESTAR SÓ , eis as grandes diferenças de um "eu" que sou eu, e que talvez as saiba explicar...

Ser só é tão simplesmente, não ser de companhia. É ter perdido "alguém" com a certeza certa que nunca mais verá
Ser só é ser sem a... companhia de ontem na soma dos anos ser ausente dos desabafos mesmo que opostos com resolução acertada
Ser só é mais que isto....
É não sentir o olhar atento o gesto conciliador a palavra certa o carinho desejado o sonho apetecido a caber nesta realidade que se chama vida a dois!
Ser só ainda é mais que tudo isto!

...é sentir o abandono cultivado nas imagens colhidas num "ontem" qualquer
é apagar para sempre o clique de uma chave na fechadura da porta
é anular os passos apressados de encontros permanentes

Ser só é ainda mais que isto e mais do que tudo isto!!
...é o fecho da vida o abandono total nesse fervilhar profundo onde giram impacientes o grito das aves nas ramadas altas dos ciprestes e onde
tentam ainda ser nesse silêncio sepulcral e nessa solidão gratuita

Estar só é diferente! Eu não gosto de estar só Por isso, quando me desprendo do silêncio tudo se agita nas palavras que me dizem e gritam ordens na música que me enternece e consola nas vozes que me pertencem e envolvem com o seu entusiamo de vida de trabalho e das suas aspirações merecidas quando ausentes ou quando presentes

Só quando o "ser só" e o "estar só" se fundem na disposição irrequieta do meu eu, é que as sensações agradavelmente estranhas se escancaram com alguma nitidez nos olhos como se o ontem fosse hoje e o hoje fosse ontem... E é tal o emaranhado tecido no tempo que se torna difícil separar fio a fio para lhe dar a realidade desse espaço e desse tempo que tão facilmente através do mecanismo da memória, transporta

Depois tudo se quebra com a velocidade do pensar/ sentir como o vidro de uma janela aberta num dia de temporal... estilhaços que se espalham nessa bruma de tudo o que se foi e viveu em pleno

E para falar verdade começa é a cansar-me o "amanhã" que vai eclodindo nos milhares de passos apressados num adiar constante da existência da vida..."amanhã, logo se verá amanhã falaremos amanhã teremos mais tempo amanhã vamos finalmente, almoçar amanhã haverá mais coisas a dizer... Até amanhã!
E é quase neste adiar constante das pequenas e grandes coisas que a vida toma contornos de alguma angústia porque fica sempre no meio do caminho... que é esse hoje e que depressa se apaga

O ontem e o hoje, naquilo que entendemos por esse tempo, nunca mais se repetem
O amanhã será sempre mascarado de tudo isso com o gozo dor alegria sonho trabalho realidade pesadelo carícias inerentes ao pensamento e ao coração
E será sempre uma incerteza certa
Também a minha realidade é a irrealidade dos outros
A vida tem apenas a idade que tem
- Que pena não sermos como as árvores centenárias que morrem de pé e não sabem da eternidade!

domingo, 13 de maio de 2012