quinta-feira, 30 de setembro de 2010


Leva-me então amor, chama por mim

a espera é tão longa quero estar contigo

Foram-se as flores e os bancos no jardim

Lembras-te? Dos lagos das pombas...Tudo tão florido!


Aguarela nos meus olhos a caber-me inda agora

nos passos desacertados que o coração levava em mão

e havia um céu na terra ardente e a nossa hora

era como bagagem na alma escondida, uma intenção


Revejo-me no quadro. Tento agarrar esse calor brando

Que as tuas mãos à minha volta apertavam como se o sol

Farto do céu azul num incentivo dado, aos dois falando...


Sorriso de tanta coisa à volta que a palavra acorda

brandamente no meu adormecer inquieto, errando

Amarga é a saudade que em tão alta nuvem mora...



Isabel Ribeiro Monteiro

30/09/2010



segunda-feira, 6 de setembro de 2010




AÇORES/ Ilha de S.Miguel




É uma tela sobre o mar
que o olhar gasta e consome`
é esta sede e esta fome
de dizer...
É este aperto no peito
que suporta arrasa e cala
É este gritar da terra
Seiva sangrenta a correr
É este cheiro do mar
É este verde matina
Cheio de névoa e de cor
É esta subida ao céu
Neste jazer infinito
Jardins suspensos, magia
O debruçar da amurada
Silente paz orvalhada
onde o pobre olhar se esgueira
e a palavra não se alcança...
É esta voz este canto
Sopro névoa solidão
vento em surdina que passa
Colhe no ar as palavras
promessas nas minhas mãos...
Em soluço e doce pranto
É esta Ilha de encanto
Perpétuo sacrário em flor
no basalto austero e frio...
E nos âmagos de mim
a própria voz talha a pedra,
tomba a folha no jardim
na paz secreta e dorida,
voz da terra voz do mar
que levo no coração
e transporto no olhar.




isabelribeiromonteiro
20/08/2010