ÁFRICA MINHA
Mocímboa da Praia-Cabo Delgado,1957/58
Está o simba a cantar
lá no rio Quinhevo
enchiam-se os ares
de tantos horrores
e os horrores de medo
onde canta o simba?
lá no rio Quinhevo
e o preto estendia
o braço comprido
só se via o dedo
apontar distância
que não se media
e o simba cantava...
o banzé terrível
no silêncio enorme
era só quebrado
p´lo cantar do simba
lá no rio Quinhevo
e o simba cantava...
só o rio se riu
e guardou o medo
do simba a cantar
lá no rio Quinhevo (O rio Quinhevo fica a 5Km de Mocímboa da Praia!Mas ouvia-se o cantar leão)
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
quinta-feira, 27 de agosto de 2009



segunda-feira, 10 de agosto de 2009
África minha (1957/1974)

...Distância marcada pelos horizontes sem fim mistura de selva e deserto de coloridos e sons múltiplos que a Natureza oferece naturalmente como orquestra implantada no seu seio com todos os sustenidos e bemóis a compor os ritmos das suas melodias e ritmos
Dos tantãs a comunicar na distãncia ao toque dos marimbeiros a fazer requebrar de forma única o seu corpo inteiro
África da nudez natural da cor morena estonteante! África a erguer-se nas manhãs claras para adormecer na languidez da noite no seu corpo cansado
África dos mistérios nocturnos das caçadas do coração a bater no emaranhado da selva escura na tentação de desvendar os seus íntimos segredos
África das Impalas amedrontadas e do olhar fascinante do leão dominador
Das pegadas gigantescas do elefante a pôr em debandada os grandes sonhadores das aventuras ímpares...
África minha risonha dos dias quentes que se eternizavam e que bebiam na noite a beleza inefável de uma Lua verdadeira já que no hemisfério Sul
África saudade das chegadas e partidas das viagens no teu seio a albergar os filhos de todos nós
África suor no rosto por tudo o que foi erguido. Na tua seiva bruta a nossa elaborada
África dos medos e dos receios vencidos
África fraterna nesse caminhar de mãos dadas
Que é de tantos anos?
Que é das noites de solidão e dos risos de todas as manhãs?
África minha e de todos vós
África a caber no coração de Portugal
África...
Onde estás agora?!
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Lá vem a negra
Lá vem a negra
Gingando
Ancas largas
cintura fina
De peito roliço
Rolando...rolando...
O seu corpo é rio
Seus gestos
São música
Mas também vem triste
Que feitiço existe?
Rolando no chão
Já ninguém a quer
Vai tirar feitiço
Ali na palhota
Seu mestre entendido
Espera por si
Abre-se uma porta
Horas invulgares
Que não são de espera...
Negra agora vem
Toda transparente
A trouxa de roupa
Debaixo do braço

Nos olhos a fala
Do vermelho ardente
Seu corpo de fogo
Na nudez do vento
Suas coxas grossas
Dobradas no riso
Toda sensual
Traça a capulana
De cor encarnada
Descalça dançando
Gingando gingando
Molha-se no rio
Estende-se nos verdes
Os verdes se agitam
São todos bandeiras
O sol é ardente
Na sombra esquecida
Se acendem desejos
E o que Deus quiser
E foi nesse grito
Que nasceu o mito
D´Africa Mulher.
Mas é moda já se vê...


Solicita-se uma foto adequada...
Em tudo o que se não crê…
Mas é moda já se vê
A aparente juventude
Que o bisturi atesta
Não só a aparência ilude
Parecem múmias em festa
Mas é moda já se vê
A aparente juventude
Que o bisturi atesta
Não só a aparência ilude
Parecem múmias em festa
São os peitos a saltar
Do lugar tão contrafeito
Parecem até querer voar
Quais pombas do parapeito
Quanto aos lábios tão carnudos
Que tantas lutam a ter
Torna o semblante sisudo
Fica o sorriso a haver
Desfiguradas lá vão
Até à meta final
E nem pensam como são
As máscaras do Carnaval
Em tudo o que não se crê
Mas é moda já se vê…
Isabel Monteiro
19-09-2008
Do lugar tão contrafeito
Parecem até querer voar
Quais pombas do parapeito
Quanto aos lábios tão carnudos
Que tantas lutam a ter
Torna o semblante sisudo
Fica o sorriso a haver
Desfiguradas lá vão
Até à meta final
E nem pensam como são
As máscaras do Carnaval
Em tudo o que não se crê
Mas é moda já se vê…
Isabel Monteiro
19-09-2008
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