sábado, 29 de janeiro de 2011

O CANTAR DO SIMBA

MOCÍMBOA DA PRAIA

Hospital Cerca do hospital

ÁFRICA


PORQUÊ, O CANTAR DO SIMBA

Percorremos Moçambique de norte a sul. Desembarcámos em Lourenço Marques, cidade encanto que nos despertou África. Meses depois rumámos a Mocímboa da Praia com visitas a Mueda e Palma. Ano e meio regressámos a Portugal por motivos de saude. Um ano depois nova partida com outro sabor de África. Agora no sul do Save. Inharrime, com visitas a Inhambane e Lourenço Marques. Também quando nos íamos banhar no Índico na maravilhosa praia de Závora. Distâncias enormes que não se contavam nem pesavam. A Zambézia já nos acenava, três anos depois. O Chinde, a Sena Sugar... Os braços do Zambeze a tornar-nos prisioneiros daquele espaço mas sempre a ultrapassarmos as dificuldades das travessias do rio, por vezes revolto ou do matope, quando nos venturávamos por terra nas nossas idas a Quelimane. Mais tarde Vila Cabral onde o palco da guerra se juntava ao nosso viver que queríamos pacífico. A luta no Hospital ao lado da nossa grande casa e a ajuda sempre que possível para atenuar sofrimentos. Colaborava sempre que necessário e gostava de estar junto de quem cuidava de tantos doentes. Um ano mais passou e o destino que não pensávamos terminar tão abruptamente, estava a correr...Nampula, cumpriu-se durante o período de quatro anos! E o pano correu-se de forma inesperada! Regresso a Portugal. Definitivamente!
Porquê o cantar do simba? O nome deste meu blogue. Porque foi em Mocimboa da Praia, terra de leão, (simba) que me ficou marcado para todo o sempre na minha alma a pulsar com todos os sentidos, o seu cantar arrepiante em pleno dia e pela noite fora...E porque me ficou o seu cheiro o medo e o delírio doutras vozes a ecoar no espaço africano o cheiro da selva outros cantares que a noite trazia o cheiro da terra molhada a melodia das aves raras o bulir quase silencioso dos ramos o calor morno dos corpos e das águas o colorido africano as aventuras de algumas caçadas e toda a melodia como orquestra nos ouvidos... O CANTAR DO SIMBA e a água da cisterna que se bebia, (e a sentença ouvida: quem bebe água da cisterna, nunca mais quer sair de África, marcaram a minha vida primeira neste espaço desconhecido)...Lá, onde o sol se esconde... como ouvia dizer a muitas pessoas, em L.Marques. Uma espécie de consolação... para quem desconhecia por completo o segredo de África e o pulsar do seu coração! Depois toda a sua nostalgia triste e alegre me invadiu.

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